sexta-feira, 26 de outubro de 2012


Tempos e Contratempos Na Sociedade da Informação

Os anos passam e acompanhamos a circulação do pensamento e das ideias na sociedade.  Sociedade esta que outrora demorava a absorver o “novo”, por conta dos discursos tradicionais que se formou durante muitos séculos e que diferentemente nos dias atuais reúne em suas bases estruturais todo um conceito de maleabilidade no que se refere à adequação para se continuar vivendo, ou melhor, “sobrevivendo” nela; pois o que se pode perceber é que para estar incluído você precisa estar ligado nos acontecimentos e consequentemente nas mudanças que ocorrem de forma assustadoramente acelerada.

Há, portanto que se refletir a este respeito analisando essa evolução das ideias e das formas de existência que surgem nesse interim, ponderamos o que acontece e fica impossível não criticar as inúmeras contradições existentes nesta sociedade.

O capitalismo estabeleceu suas bases se utilizando do pensamento liberal, e este pode ser considerado um dos pontos cruciais para se compreender os motivos pelos quais hoje existe a real tentativa de negar tudo que o projeto moderno construiu para a sociedade.

Quando principia a negação dos ideais estabelecidos pelo liberalismo como a universalidade, a racionalidade, o individualismo e a liberdade para a razão, consequentemente surge o anúncio do pensamento pós-moderno que não permite ser considerado ideológico e apregoa o fim das metanarrativas¹, com isto chega a alegar que o socialismo, o liberalismo, a fé no progresso, o cristianismo, enfim todas as metanarrativas não podem ser consideradas mais válidas, tendo em vista que com o passar dos anos todos os ideais propostos pela modernidade não se concretizaram, mas pelo contrário todo o produto da razão (ciência) foi utilizado para a própria destruição do homem.

Todo esse discurso faz surgir um novo sujeito nesta sociedade que já deixou de acreditar e que faz um caminho inverso ao que fora traçado na modernidade Nesse novo contexto há uma fragmentação, desreferencialização, onde todos os estilos e culturas são produtos do mercado consumidor. Os sujeitos confundem-se em suas histórias e buscam desenfreadamente respostas para seus questionamentos em coisas místicas e sobrenaturais. Assim tudo que existe e é constituído se constrói em bases maleáveis e flexíveis, é o que Bauman chama de Modernidade Líquida.
A pesquisadora Mirian Santos de Sousaᶟ em seu artigo Educação e Pós-Modernidade4 relata que esse novo sujeito diferentemente do sujeito moderno, é um sujeito incerto, um sujeito não engendrado, e é este sujeito que adentra as salas de aulas das universidades atualmente, ela demonstra sua preocupação no que se refere a qual postura adotar diante de um sujeito que foi privado de sua ligação simbólica que está imerso em uma realidade social a qual desconhece ou não compreende.

Nesse sentido podemos perceber que esse novo sujeito está envolvido em uma sociedade onde todas as coisas são efêmeras e passageiras, onde o conhecimento é desvalorizado e, por conseguinte o professor também o é, onde precisa a aprender a desaprender, onde o relativismo impera e as pessoas trocam qualquer coisa pelo prazer do momento.

Com isto o que na modernidade era chamada de Sociedade do Conhecimento onde se primava pela busca da melhoria de vida e felicidade pela razão através da ciência passa a ser conhecida como Sociedade da Informação, a sociedade do futuro, que se utiliza dos meios tecnológicos para evoluir e tentar unir os hemisférios na expectativa de nivelar todos os sujeitos em um mundo globalizado. Não seria esse também um discurso ideológico?

Enfim, nesta sociedade pós-moderna em que os valores são mutáveis existe a necessidade de sujeitos que se disponibilizem a estar constantemente atentos às inovações e se rendam a dimensão mundial de Conexão em Rede, pois estar ligado à Rede é primordial para a manutenção de sua existência social.   
              
Existe, portanto uma nova conotação para sobrevivência nesta sociedade onde tudo é muito relativo é preciso estar plugado e atento a todas as inovações que avançam sem parar. Tudo se torna muito flexível. O que tem valor hoje pode não ter mais amanhã, até mesmo os laços de amizade não duram mais longos anos, pois ao mesmo tempo em que temos a possibilidade de conquistar uma quantidade de dez amigos físicos, podemos ter novecentos amigos virtuais, que posso escolher entre continuar ou deletar sua amizade a qualquer momento.
                            
Enfim, a modernidade trouxe novos aparatos tecnológicos e a pós-modernidade trouxe o avanço destas novas tecnologias que oportunizaram a mudança de muitos conceitos dentro da sociedade. Com o advento da internet, tem-se hoje uma geração de conectados e desconectados. Ao pensar no conjunto da “obra”, surgem vários questionamentos: Quanto custa estar conectado? Será que todos tem acesso às novas tecnologias? Estariam as novas tecnologias funcionando como novos dispositivos de inclusão/exclusão?

Portanto faz-se necessário refletir sobre vários aspectos dessa nova sociedade, analisando tudo que tem acontecido na perspectiva de melhor compreender os prós e contras destas mudanças na tentativa de alcançar um referencial para continuar subsistindo nela.
Rosangela dos Santos Rodrigues
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1. Metanarrativas – Conjunto de ideologias e propostas para a humanidade. Formas de autoritarismo ideológico de um determinado grupo sobre outro.
2. Modernidade Líquida – Título do livro de Zygmunt Bauman lançado no ano de 2001 e apresenta sua análise sobre as condições cambiantes da vida social e política da vida social e política contemporânea, uma fase instável, mutante da sociedade na atualidade.
3. Professora Mestre do Departamento de Educação da Universidade Federal do Maranhão.
4. Texto elaborado para uso em sala de aula. Excertos do Memorial apresentado ao Departamento de Educação II da Universidade Federal do Maranhão














3 comentários:

  1. Realmente a queda das metanarrativas, trouxe grandes mudanças em relação aos valores, aos conceitos etc. O que deve ser feito, é nos adaptarmos a essas mudanças da melhor forma possível.

    Jaquileuza Araújo

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  2. Na sociedade pós moderna não há espaços para laços duradouros, tudo se liga e se desliga com um simples clique. Devemos refletir e nos posicionar ou simplesmente nos acomodar? Eu particularmente não pretendo aceitar e vcs?

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  3. A sociedade da informação, assim como todos os modelos de sociedade já existentes, possui seus prós e contras. Ao mesmo tempo que hoje podemos entrar em contato com informações importantes de forma global e instantânea, corremos o risco de sermos confrontados com informações manipuladas ou até mesmo inverídicas. O mesmo ocorre no âmbito educacional. A educação interativa trouxe vários avanços ao que diz respeito a alcançabilidade do ensino, tomando como exemplo o EAD(Ensino à Distância), que promoveu a possibilidade das comunidades mais distantes e aqueles que não possuem tempo disponível para os estudos de terem acesso ao ensino, porém creio que estes conhecimentos não terão a mesma profundidade que aqueles que são ministrados no período normal de tempo proposto no ensino regular. Sem contar que, para mim, o contato físico com o educador é fundamental para a construção do conhecimento.
    Gisleny Martins Do Nascimento

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