Os anos passam e
acompanhamos a circulação do pensamento e das ideias na sociedade. Sociedade esta que outrora demorava a
absorver o “novo”, por conta dos discursos tradicionais que se formou durante
muitos séculos e que diferentemente nos dias atuais reúne em suas bases
estruturais todo um conceito de maleabilidade no que se refere à adequação para
se continuar vivendo, ou melhor, “sobrevivendo” nela; pois o que se pode
perceber é que para estar incluído você precisa estar ligado nos acontecimentos
e consequentemente nas mudanças que ocorrem de forma assustadoramente
acelerada.
Há, portanto que se refletir
a este respeito analisando essa evolução das ideias e das formas de existência
que surgem nesse interim, ponderamos o que acontece e fica impossível não
criticar as inúmeras contradições existentes nesta sociedade.
O capitalismo estabeleceu
suas bases se utilizando do pensamento liberal, e este pode ser considerado um
dos pontos cruciais para se compreender os motivos pelos quais hoje existe a
real tentativa de negar tudo que o projeto moderno construiu para a sociedade.
Quando principia a negação
dos ideais estabelecidos pelo liberalismo como a universalidade, a
racionalidade, o individualismo e a liberdade para a razão, consequentemente surge
o anúncio do pensamento pós-moderno que não permite ser considerado ideológico
e apregoa o fim das metanarrativas¹, com isto chega a alegar que o
socialismo, o liberalismo, a fé no progresso, o cristianismo, enfim todas as
metanarrativas não podem ser consideradas mais válidas, tendo em vista que com
o passar dos anos todos os ideais propostos pela modernidade não se
concretizaram, mas pelo contrário todo o produto da razão (ciência) foi
utilizado para a própria destruição do homem.
Todo esse discurso faz surgir
um novo sujeito nesta sociedade que já deixou de acreditar e que faz um caminho
inverso ao que fora traçado na modernidade Nesse novo contexto há uma
fragmentação, desreferencialização, onde todos os estilos e culturas são
produtos do mercado consumidor. Os sujeitos confundem-se em suas histórias e
buscam desenfreadamente respostas para seus questionamentos em coisas místicas
e sobrenaturais. Assim tudo que existe e é constituído se constrói em bases
maleáveis e flexíveis, é o que Bauman chama de Modernidade Líquida₂.
A pesquisadora Mirian Santos
de Sousaᶟ em seu artigo Educação e
Pós-Modernidade4 relata que esse
novo sujeito diferentemente do sujeito moderno, é um sujeito incerto, um
sujeito não engendrado, e é este sujeito que adentra as salas de aulas das
universidades atualmente, ela demonstra sua preocupação no que se refere a qual
postura adotar diante de um sujeito que foi privado de sua ligação simbólica
que está imerso em uma realidade social a qual desconhece ou não compreende.
Nesse sentido podemos perceber
que esse novo sujeito está envolvido em uma sociedade onde todas as coisas são
efêmeras e passageiras, onde o conhecimento é desvalorizado e, por conseguinte
o professor também o é, onde precisa a aprender a desaprender, onde o
relativismo impera e as pessoas trocam qualquer coisa pelo prazer do momento.
Com isto o que na modernidade
era chamada de Sociedade do Conhecimento onde se primava pela busca da melhoria
de vida e felicidade pela razão através da ciência passa a ser conhecida como
Sociedade da Informação, a sociedade do futuro, que se utiliza dos meios
tecnológicos para evoluir e tentar unir os hemisférios na expectativa de
nivelar todos os sujeitos em um mundo globalizado. Não seria esse também um
discurso ideológico?
Enfim, nesta sociedade
pós-moderna em que os valores são mutáveis existe a necessidade de sujeitos que
se disponibilizem a estar constantemente atentos às inovações e se rendam a
dimensão mundial de Conexão em Rede, pois estar ligado à Rede é primordial para
a manutenção de sua existência social.
Existe, portanto uma nova
conotação para sobrevivência nesta sociedade onde tudo é muito relativo é
preciso estar plugado e atento a todas as inovações que avançam sem parar. Tudo
se torna muito flexível. O que tem valor hoje pode não ter mais amanhã, até
mesmo os laços de amizade não duram mais longos anos, pois ao mesmo tempo em
que temos a possibilidade de conquistar uma quantidade de dez amigos físicos,
podemos ter novecentos amigos virtuais, que posso escolher entre continuar ou
deletar sua amizade a qualquer momento.
Enfim, a modernidade trouxe
novos aparatos tecnológicos e a pós-modernidade trouxe o avanço destas novas
tecnologias que oportunizaram a mudança de muitos conceitos dentro da
sociedade. Com o advento da internet, tem-se hoje uma geração de conectados e
desconectados. Ao pensar no conjunto da “obra”, surgem vários questionamentos:
Quanto custa estar conectado? Será que todos tem acesso às novas tecnologias? Estariam
as novas tecnologias funcionando como novos dispositivos de inclusão/exclusão?
Portanto faz-se necessário
refletir sobre vários aspectos dessa nova sociedade, analisando tudo que tem
acontecido na perspectiva de melhor compreender os prós e contras destas
mudanças na tentativa de alcançar um referencial para continuar subsistindo
nela.
Rosangela
dos Santos Rodrigues
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2.
Modernidade Líquida – Título do livro de Zygmunt Bauman lançado no ano de 2001
e apresenta sua análise sobre as condições cambiantes da vida social e política
da vida social e política contemporânea, uma fase instável, mutante da
sociedade na atualidade.
3.
Professora Mestre do Departamento de Educação da Universidade Federal do
Maranhão.
4. Texto
elaborado para uso em sala de aula. Excertos do Memorial apresentado ao
Departamento de Educação II da Universidade Federal do Maranhão
Realmente a queda das metanarrativas, trouxe grandes mudanças em relação aos valores, aos conceitos etc. O que deve ser feito, é nos adaptarmos a essas mudanças da melhor forma possível.
ResponderExcluirJaquileuza Araújo
Na sociedade pós moderna não há espaços para laços duradouros, tudo se liga e se desliga com um simples clique. Devemos refletir e nos posicionar ou simplesmente nos acomodar? Eu particularmente não pretendo aceitar e vcs?
ResponderExcluirA sociedade da informação, assim como todos os modelos de sociedade já existentes, possui seus prós e contras. Ao mesmo tempo que hoje podemos entrar em contato com informações importantes de forma global e instantânea, corremos o risco de sermos confrontados com informações manipuladas ou até mesmo inverídicas. O mesmo ocorre no âmbito educacional. A educação interativa trouxe vários avanços ao que diz respeito a alcançabilidade do ensino, tomando como exemplo o EAD(Ensino à Distância), que promoveu a possibilidade das comunidades mais distantes e aqueles que não possuem tempo disponível para os estudos de terem acesso ao ensino, porém creio que estes conhecimentos não terão a mesma profundidade que aqueles que são ministrados no período normal de tempo proposto no ensino regular. Sem contar que, para mim, o contato físico com o educador é fundamental para a construção do conhecimento.
ResponderExcluirGisleny Martins Do Nascimento