Educação
na Sociedade da Informação:
Como construir
Educação na Sociedade da Modernidade Líquida
A
Educação na Pós-Modernidade
Uma educação
igualitária que proporcione não só uma mudança social, mas também uma mudança
de pensamentos e de práticas se torna cada dia mais, objeto de desejo entre
vários educadores de todas as esferas da sociedade.
Grandes ícones da
educação deixaram legados extraordinários para a História, fazendo a diferença
não só no seu tempo, mas também disseminando valores que perduram em várias
concepções de educação bem presentes até os dias atuais. Grandes exemplos
destes ícones são Gramsci e Freire que doaram suas vidas em prol de uma
educação verdadeiramente transformadora.
Construir uma educação
sólida levando em conta as significativas mudanças nas concepções de mundo e de
conhecimento, presentes imensuravelmente na sociedade da modernidade líquida[1],
tem sido um desafio quase que inatingível para aqueles que resolvem seguir por
este caminho tão ideológico.
Uma das maiores
mudanças que ocorreram na educação neste novo modelo de sociedade foi à
inserção das novas tecnologias no âmbito escolar. Aquilo que outrora servia
somente como material de apoio ou de consulta, tem se tornado o grande pilar de
sustentação dentro das salas de aula.
Podemos enxergar
notoriamente um verdadeiro descaso com a base da educação, que é a construção
do conhecimento, exaustiva mente abordado em TORRES:
O discurso da
educação na SI, nos últimos anos, entrou de todo no mundo virtual, deixando
para trás a discussão sobre as necessidades básicas de aprendizagem das pessoas
e adotando como temas centrais a competitividade e as novas habilidades
exigidas pelo mercado para “se adaptar à mudança” ao invés de incidir nela.”(TORRES, 2005)
Vivemos um momento em
que as informações são tão voláteis quanto aqueles que a produzem. Verdades ou
não, elas ganham proporções catastróficas em questão de segundos, sempre
embaladas por aqueles que tirarão algum proveito das inenarráveis consequências
que elas terão para a sociedade, porém, elas possuem o poder de se
desfragmentar instantaneamente de acordo com a conveniência daqueles que a
criaram e ou, daqueles que as divulgaram.
Numa
sociedade em que tudo se constrói e se desconstrói em velocidades supersônicas,
como se construir uma educação palpável e que não ganhe também um rótulo com
prazo de validade reduzido? Como garantir que aquilo que se aprende durante
anos a fio também não se transformará em um líquido tão volátil a ponto de
evaporar com uma rapidez incomparável a aquela que a fez surgir?
Questionamentos
como esse nos faz pensar na escola de hoje, mais como um aparelho de
conformação de indivíduos do que um lugar de produção de conhecimento, onde
tudo que é apreendido serve somente para legitimar o modelo de sociedade
capitalista, onde o conhecimento é modelado de acordo com os interesses
instantâneos do mercado de trabalho.
Construir
uma educação para além do mercado de trabalho, que possa desenvolver indivíduos
capazes de pensar criticamente, concordando ou discordando de opiniões, não
através da visão de mundo do outro, mas sim, decorrente de suas próprias
concepções, com base em uma formação intelectual sólida e abrangente, deveria
ser o objetivo principal da educação pós-moderna. Porém, podemos observar
claramente que poucas são as vozes que ecoam em busca deste tipo de educação
que tem se tornado, cada vez mais, um modelo utópico de educação.
Segundo
Bauman, construir uma educação com um projeto em longo prazo, assentado sobre
fundamentos sólidos, duráveis, evidentemente incompatível com as lógicas
contemporâneas da rapidez, da instantaneidade, da provisoriedade, da
descartabilidade, em que toda a solidez se torna uma ameaça, é a verdadeira
problemática da educação na sociedade da modernidade líquida.
Comungando
as ideias de Freire onde:
Pensar que a
esperança sozinha transforma o mundo e atuar movido por tal ingenuidade é um
modo excelente de tombar na desesperança, no pessimismo, no fatalismo. Mas,
prescindir da esperança na luta para melhorar o mundo, como se a luta se
pudesse reduzir a atos calculados apenas, à pura cientificidade, é frívola
ilusão [...] Enquanto necessidade ontológica a esperança precisa da prática
para tornar-se concretude histórica, É por isso que não há esperança na pura
espera, nem tampouco se alcança o que se espera na espera pura, que vira,
assim, espera vã. (FREIRE, 1992)
Acredito que encontrar os métodos
compatíveis com uma educação verdadeiramente libertária, bem como os indivíduos
que farão o uso correto deles, seria o primeiro de tantos outros passos
necessários para se construir, não só uma educação para a desconformidade de
corpos, mas também para a libertação de mentes.
Gisleny Martins do Nascimento
REFERÊNCIAS
TORRES, Rosa María. Educação
na sociedade da informação. Disponível
em: <http://vecam.org/article644.html>.
Acesso em: 23 de out. 2012.
BAUMAN, Zygmunt. in.
COSTA, Marisa Vorraber. Compreender a vida na modernidade líquida. Revista Pedagogia Contemporânea. p. 60-74,
Set. 2009.
FREIRE,
Paulo. Pedagogia da Esperança. Paz e
Terra, 1992.
[1] Referente
ao termo utilizado por Zigmunt Bauman onde ele utiliza o termo Modernidade
Líquida quando se refere a pós-modernidade.
Brilhante sua análise, as modernas tecnologias da informção e da comunicação que deveriam ser um acessório no processo ensino-aprendizagem na si se tornou algo essêncial, criando novo processo de exclusão, os desconectados.
ResponderExcluirAssim, hoje quando se fala em modernizar uma escola se pensa em enchê-la de computadores, mesmo que seus professores sejam mau remunerados, suas paredes estejam caindo,etc.
Muito bom, gisleny.
ResponderExcluirObg.
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