sábado, 27 de outubro de 2012


Educação na Sociedade da Informação: 
Como construir Educação na Sociedade da Modernidade Líquida

A Educação na Pós-Modernidade
Uma educação igualitária que proporcione não só uma mudança social, mas também uma mudança de pensamentos e de práticas se torna cada dia mais, objeto de desejo entre vários educadores de todas as esferas da sociedade.

Grandes ícones da educação deixaram legados extraordinários para a História, fazendo a diferença não só no seu tempo, mas também disseminando valores que perduram em várias concepções de educação bem presentes até os dias atuais. Grandes exemplos destes ícones são Gramsci e Freire que doaram suas vidas em prol de uma educação verdadeiramente transformadora.

Construir uma educação sólida levando em conta as significativas mudanças nas concepções de mundo e de conhecimento, presentes imensuravelmente na sociedade da modernidade líquida[1], tem sido um desafio quase que inatingível para aqueles que resolvem seguir por este caminho tão ideológico.

Uma das maiores mudanças que ocorreram na educação neste novo modelo de sociedade foi à inserção das novas tecnologias no âmbito escolar. Aquilo que outrora servia somente como material de apoio ou de consulta, tem se tornado o grande pilar de sustentação dentro das salas de aula.

Podemos enxergar notoriamente um verdadeiro descaso com a base da educação, que é a construção do conhecimento, exaustiva mente abordado em TORRES:

O discurso da educação na SI, nos últimos anos, entrou de todo no mundo virtual, deixando para trás a discussão sobre as necessidades básicas de aprendizagem das pessoas e adotando como temas centrais a competitividade e as novas habilidades exigidas pelo mercado para “se adaptar à mudança” ao invés de incidir nela.”(TORRES, 2005)

            Vivemos um momento em que as informações são tão voláteis quanto aqueles que a produzem. Verdades ou não, elas ganham proporções catastróficas em questão de segundos, sempre embaladas por aqueles que tirarão algum proveito das inenarráveis consequências que elas terão para a sociedade, porém, elas possuem o poder de se desfragmentar instantaneamente de acordo com a conveniência daqueles que a criaram e ou, daqueles que as divulgaram.

            Numa sociedade em que tudo se constrói e se desconstrói em velocidades supersônicas, como se construir uma educação palpável e que não ganhe também um rótulo com prazo de validade reduzido? Como garantir que aquilo que se aprende durante anos a fio também não se transformará em um líquido tão volátil a ponto de evaporar com uma rapidez incomparável a aquela que a fez surgir?

            Questionamentos como esse nos faz pensar na escola de hoje, mais como um aparelho de conformação de indivíduos do que um lugar de produção de conhecimento, onde tudo que é apreendido serve somente para legitimar o modelo de sociedade capitalista, onde o conhecimento é modelado de acordo com os interesses instantâneos do mercado de trabalho.

            Construir uma educação para além do mercado de trabalho, que possa desenvolver indivíduos capazes de pensar criticamente, concordando ou discordando de opiniões, não através da visão de mundo do outro, mas sim, decorrente de suas próprias concepções, com base em uma formação intelectual sólida e abrangente, deveria ser o objetivo principal da educação pós-moderna. Porém, podemos observar claramente que poucas são as vozes que ecoam em busca deste tipo de educação que tem se tornado, cada vez mais, um modelo utópico de educação.

            Segundo Bauman, construir uma educação com um projeto em longo prazo, assentado sobre fundamentos sólidos, duráveis, evidentemente incompatível com as lógicas contemporâneas da rapidez, da instantaneidade, da provisoriedade, da descartabilidade, em que toda a solidez se torna uma ameaça, é a verdadeira problemática da educação na sociedade da modernidade líquida.

            Comungando as ideias de Freire onde:
Pensar que a esperança sozinha transforma o mundo e atuar movido por tal ingenuidade é um modo excelente de tombar na desesperança, no pessimismo, no fatalismo. Mas, prescindir da esperança na luta para melhorar o mundo, como se a luta se pudesse reduzir a atos calculados apenas, à pura cientificidade, é frívola ilusão [...] Enquanto necessidade ontológica a esperança precisa da prática para tornar-se concretude histórica, É por isso que não há esperança na pura espera, nem tampouco se alcança o que se espera na espera pura, que vira, assim, espera vã. (FREIRE, 1992)

Acredito que encontrar os métodos compatíveis com uma educação verdadeiramente libertária, bem como os indivíduos que farão o uso correto deles, seria o primeiro de tantos outros passos necessários para se construir, não só uma educação para a desconformidade de corpos, mas também para a libertação de mentes.
Gisleny Martins do Nascimento


REFERÊNCIAS
TORRES, Rosa María. Educação na sociedade da informação.  Disponível em: <http://vecam.org/article644.html>. Acesso em: 23 de out. 2012.
BAUMAN, Zygmunt. in. COSTA, Marisa Vorraber. Compreender a vida na modernidade líquida. Revista Pedagogia Contemporânea. p. 60-74, Set. 2009.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança. Paz e Terra, 1992.




[1] Referente ao termo utilizado por Zigmunt Bauman onde ele utiliza o termo Modernidade Líquida quando se refere a pós-modernidade.

3 comentários:

  1. Brilhante sua análise, as modernas tecnologias da informção e da comunicação que deveriam ser um acessório no processo ensino-aprendizagem na si se tornou algo essêncial, criando novo processo de exclusão, os desconectados.
    Assim, hoje quando se fala em modernizar uma escola se pensa em enchê-la de computadores, mesmo que seus professores sejam mau remunerados, suas paredes estejam caindo,etc.

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